terça-feira, 30 de outubro de 2012

O meu Pinterest

É o HoNY. Desde que os descobri há coisa de uma semana que ando para ali a ver gente e a suspirar por um motivo ou por outro.

Adoraria que houvesse um de Fortaleza e um de Lisboa.

O Queque existencialista

Antes: Estou ansiosa, é a entrega de um primeiro trabalho, aos meus olhos está tudo bem mas sei lá, pode correr mal, e no meio destas angústias o que é que o queque está ali a fazer a olhar para mim, ah, tá bem, é para "take the edge off" e manter-me calminha durante a manhã, tudo vai correr melhor por causa do queque, como o queque e não penso mais no assunto, o que raio é a merda dum queque, de qualquer maneira, 250 calorias? O que é isso no grande esquema das coisas quando posso ter um dia de trabalho muito calminho?

Depois: O queque só não é um problema no antes, olha só como te estás a sentir agora, derrotada pelo açúcar em vez de usares os teus próprios recursos para driblar a ansiedade, estarás a voltar aos velhos tempos, estarás a esquecer de ti própria outra vez? Não sabes perfeitamente quão merdosa um queque sem fome te faz sentir? O melhor será parares e pensares em tudo que aprendeste nos últimos tempos. Será que os novos recursos só servem em tempos de paz? Precisas de discernimento para os tempos de guerra, principalmente. Por favor, por favor, por favor, lembra-te do que uma merda dum queque sem fome pode fazer contigo.

To be or not to be

domingo, 28 de outubro de 2012

Várias domingueiras

 - Adoramos festivais de cinema, adoramos o clima, a sala gigantesca do São Jorge cheia de gente muito animada que aplaude falas, adoro ouvir os realizadores no final. É um clima espetacular para quem curte cinema além dos filmes. Ontem fomos ver Tropicália no Doclisboa. Eu adorei, é o filme das canções da minha infância. O Hugo gostou assim-assim, achou confuso. Tudo o resto foi muito bom.

- Ando a pedir muita luz ao meu anão da lareira. Tenho muitas coisas em movimento e preciso de ajuda para as priorizar. Preciso de ajuda para priorizar os meus sonhos, também. Tenho os sonhos pendurados, e isso não pode ser.

- Um conceito que sempre foi muito nebuloso para mim foi o de inveja enquanto força modificadora. Sempre achei ridículo o mulherio (especialmente) com os seus fáceis e defensivos "isso é inveja!". Mas tenho percebido que sim, a inveja existe, e não estamos a salvo nem de a sentir nem de ser alvo dela. Normal e humano como tudo que sentimos. Mas a inveja entre amigas é mais lixadinho. Cuidado com a inveja entre amigas, não a alimentem, porque inveja é um bicho que vem sempre ao de cima, o que leva à parte patética: a amiga invejada sabe. Amiga invejada: cuidado com o excesso de compreensão. Cliché, pois, mas já sofri com os dois e agora rimei.

- Quero muito ver a exposição do Hélio Oiticica no CCB (será que já acabou?), quero muito ver a exposição de cenografia brasileira no MUDE. Ia hoje, mas caramba, tá um solão lá fora. Raios partam. Mas vou ver o 007, ah, isso vou.

- Reparámos, esta semana, que andávamos a ver a Casa dos Segredos todos os dias para fazer tempo para a Bagarela (esperta, esperta TVI). Não pode ser. Uma coisa é deixar de ver séries porque me apetece ler, outra coisa é deixar de ver séries e ler para ver a Casa dos Segredos. Cabô. Ah, e eu disse "reparámos", mas quem reparou foi o Hugo. Aliás, quem nunca deixou de reparar. Nada contra para os outros, a sério, mas tudo contra para mim.

- É raro falar de livros aqui, mas ando a ler "A Culpa é das Estrelas" do John Green, recomendação e empréstimo (a louca) da minha Casaca, e ando a ter explosões de prazer. Que livro bom, bom, bom, bem escrito, boa literatura ágil. É difícil encontrar boa literatura ágil, normalmente ou é boa ou é ágil, e eu prefiro a ágil.

- Repito para mim: eu sou uma gaja com sonhos. Não posso esquecer-me disto. Ainda bem que tenho um marido como o meu, que me aponta alternativas quando está tudo meio escuro. Ainda bem que tenho um marido como o meu, ponto.

- Estar cheia de trabalho é algo que me dá prazer e faz subir a auto-estima - gosto de ter clientes a disputar o meu tempo. Dá-me também pouco tempo para pensar em pormenores. Daí este post cheio de pormenores no dia do Senhor. Um bom domingo para quem é de missa, de churrasco, de praia, de museu. Só tentem combater o sofá. Há tanta coisa a acontecer na cidade, caramba. Tanta coisa.

sábado, 27 de outubro de 2012

Slow tudo

Não vou escrever sobre os meus motivos, não agora - porque depois nunca mais acabava e hoje é sexta feira, mas tenho uma necessidade urgentíssima em abrandar tudo, fazer tudo com mais calma e aproveitar cada passo das coisas, dar-me o direito de desfrutar os instantes sem distração, sem ansiedade pelo momento seguinte. 
Habitar o presente, lá está. 
(Ainda muito o nome deste blog).

Não vou fazê-lo através do yoga nem da meditação nem nada disso: resolvi começar por algo mais terra-a-terra, mais perto de mim, menos transcendente. 
No domingo, vou fazer uma receita lentíssima, a receita mais lenta e mais cheia de passos que já vi na vida. Um Julie & Julia assim mais pé-de-chinelo e com menos lagosta. 

Desejem-me sorte. Nunca fiz nada que demorasse mais de 15 minutos.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Post cheio de palavras nunca dantes usadas neste blog

Como quase tudo na minha vida, a Obesidade Mórbida também me separou de qualquer gosto em comprar roupa ou seja o que for. Estar bem arrumada foi perdendo a importância como tudo o resto, até se tornar pouco mais do que um isolante térmico no inverno e uma isolante de coxas coladas no verão. Camisolas cheias de nódoas e borbotos, calças a cair na pança, ténis de 2001, cabelo preso. Todos os dias, seja para que ocasião.

A minha nova obesidade (grau 1 a caminho do Excesso de Peso) trouxe a coragem de ir resgatando algumas das antigas fontes de prazer - e o facto de ter voltado a caber nas roupas da Zara e afins e não apenas da C&A ajudou bastante. Então no fim de semana passado fui comprar roupa, disposta só voltar às calças de ganga em caso de necessidade. Trouxe para casa algumas saias curtas, leggings, collants e camisolinhas básicas, um risco do caraças. E em casa pus-me a brincar: saia verde, camisola preta, collant azul. Collant azul, saia de ganga, camisola às riscas. E por aí além, sempre com o vaidoso Hugo todo contente a aprovar quase todos os looks. E eu estava lançada, cheia de peças intercomunicáveis. O inverno não ia ser um problema. Eu tinha coisas.

Não quer dizer que tenha jeito para as combinar.

Hoje debati-me, pela primeira vez em talvez sete anos, com o clássico "o que hei-de vestir hoje". Mais do que isso, troquei de roupa três vezes antes de sair de casa, optando por três peças de cores diferentes e uma quarta cor nas botas. Até aí, pouco grave. 

Foi quando me lembrei do casaco da Desigual no armário, à espera de ser estreado. O casaco mais espalhafatoso que podem imaginar, mas por que me apaixonei e que se lixasse, trouxe-o. 

Portanto, saí de casa com onze cores diferentes e nada intercomunicáveis. Olhei-me à porta do centro comercial e assustei-me. Minha nossa, como estava mal vestida. Como estou mal vestida. 

O que será pior: ver uma gorda colorida na rua, pirosa como ela só mas que visivelmente se empenhou na criação do boneco ou (não) ver uma gorda apagada cheia de nódoas a olhar para chão e a puxar as calças para cima?

The answer, my friend, is blowing in the wind. 
Mas não voltei a casa para mudar de roupa.

Hoje é o meu feriado pessoal - o dia em que mamãe morreu. Faço sempre qualquer coisa especial e tinha planeado entregar um trabalho muito importante para mim hoje, em intenção dela. Mas não deu, atrasei-me um bocado. E agora, às 10h25, me toquei: este post é a coisa especial deste 26 de outubro. A minha mãe era a mulher mais vaidosa do mundo e sofria horrores com o meu desprendimento (mesmo quando eu era magra). Se estiver lá em cima a olhar-me como penso que esteja, devem ter sido anos de desgosto, estes últimos. Um post sobre roupa vindo de mim só pode fazê-la feliz. Tou no bom caminho, dona Melânia.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Curtíssima para a Pekala e a Manue sobre meninos crescidos

Não vejo o meu filho a mudar - aos meus olhos, ele só fala cada vez mais e melhor. Mas continua a ser o meu bebé. Ainda faço dele uma bola, junto pé com cabeça e abarco aquilo tudo apertado. Ainda lhe dou colos sufocantes, ignorando os protestos de gato. Falo-lhe com mimimis mesmo quando ele odeia. Não acredito quando me dizem que ele está um crescido, acho que é conversa de circunstância. Olho-o e vejo um bebé - que fala melhor do que os outros, não usa fraldas e é razoavelmente independente, mas bebé não obstante.

Deve ser uma doencite qualquer minha :)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Um post nada humilde sobre humildade

Já escrevi algumas dez vezes sobre isto, mas repito sempre que me lembro: adoro pessoas que admitem e falam com naturalidade dos seus pontos fracos e erros.

Conheço pouquíssimas, mesmo muito, muito poucas. A maioria das pessoas é defensiva até à morte no que diz respeito ao seu caminho e à sua vida. Tudo se explica a seu favor. Se erraram, o erro é dos outros, foram "induzidas em erro".

Eu não sei, a sério, não faço mesmo ideia do estado em que estaria a minha vida se não me tivesse arrependido de muita merda que fiz, se não olhasse de frente para os defeitos que mais me incomodam. Onde é que eu estaria se não tivesse percebido algumas vezes que estava no caminho errado. Se não me julgasse de vez em quando, a lembrar que tenho padrões, sim, e não valem só para os outros, valem para mim também.

Caramba, se ainda acho a minha vida uma bagunça, é que nem quero imaginar como estaria se tivesse chegado até aqui de olhos fechados em relação a mim mesma.

(Se calhar estava melhor).

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Consulta popular sem propósito nenhum além da curiosidade

Lendo um post da bela Gralha em que ela diz que queria ler Jane Austen à lareira com espartilho, fiquei curiosa: se vocês pudessem passar um dia noutra era, para quando iriam? Não digo viver, porque acho que estamos bem é agora mesmo quando desejamos o contrário e tenho a certeza de que o meu nariz de princesa não suportaria nenhuma altura onde os banhos não fossem diários pelo menos no Verão.
 Mas um dia, um diazinho.
Eu não tenho dúvidas.
Adoro o fascínio por tudo que há de mais macabro da época da gorducha. E as cuecas também.

Num dia, nós, viajantes do tempo, podemos cometer sérios deslizes de etiqueta. Acho que, agindo normalmente, éramos capazes de ser condenados à morte à hora cinco ou seis. Pergunto-me também qual seria a minha gaffe.

Pois, vou trabalhar.

Hmmm se bem que o amor livre e drogas da década de 60 também me parecem divertidos. 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Curtíssima sobre o método educativo do Eng. JBL, meu pai

O método educativo do meu pai consiste em achar os filhos os seres mais fabulosos, talentosos, inteligentes, bem humorados, bem preparados e CERTOS por Natureza e bem criar. Até quando nos critica, e critica bastante, podem ter a certeza, critica cheio de estupefação, pois como é que seres tão  fabulosos, talentosos, inteligentes, bem humorados, bem preparados e CERTOS podem fazer a cagada X ou Y.

Quero aqui dizer que o método funciona. Não consigo ver nenhum excesso ou limite para o amor. É tipo alho em pó. Resulta mesmo em quantidades dementes. Dentro de todos os nossos dramas, nem eu nem o meu irmão temos problemas em manter o pé no chão, fazer pela vida, acreditar em nós próprios e levantar-nos depois da merda. Como teríamos? 

É por aí que eu vou, gente.
Também acho o meu filho uma maravilha da Natureza e do bem criar, e que se lixem os moderados. 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Tratar-se com amor

Para mim é sobre gestão de peso (que é algo gigantesco, meio polvo), mas acho que se aplica a tudo. Adoro a Geneen Roth. Daniel Quinn mudou a minha maneira de olhar para o mundo, e a Geneen, de olhar para mim mesma.
A viagem à aceitação e ao carinho por si próprio pode ser longa, mas é urgente (justamente por ser longa).

E realmente o objetivo que pretendemos alcançar é o nosso companheiro na viagem, e não um prémio final. Às vezes, isto é claro para mim (no caso da gestão de peso: o importante não é chegar ao peso X, mas como me sinto mais bonita e melhor todos os dias, a vitória que é fazer uma aula de aeróbica completa, de não comer para me acalmar). 
Outras, nem por isso. Outras vezes, é tudo simplesmente tão confuso como sempre foi. 

TPC

Ver um filme.
Ler um livro, ouvir uma história.
Falar com os vizinhos, estar à janela, ir à mercearia puxar conversa.

Sim, estas são as coisas que me ocorrem porque são as minhas apetências. Os matemáticos, engenhocas e químicos (ui, o perigo!) lá terão as deles. O que quero dizer é que imagino mil e uma maneiras de aprender que não seja sentado numa mesa a fazer igual a todos os outros. Acho que o lugar disso é na sala de aula, e caramba, Deus sabe que já passam imenso tempo lá dentro. Saiu da sala de aula, é hora de perseguir a individualidade, o que os faz mexer, o que os intriga, sem obrigações nem interferências. Sei lá, o que os intriga até pode ser fazer trabalhos escolares. Mas há que haver o desligar, há que haver a fronteira entre o dever e a casa. E já há muito pouca casa para ser invadida pelo dever.

Sou contra qualquer quantidade de TPC como sou contra qualquer quantidade de trabalho que um adulto traga para casa. Para mim, as duas coisas querem dizer que as doses dos dois estão erradas e é isso que deve ser corrigido, em vez de contaminar os espaços.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O quarto post do dia

Serve para me lembrar de que ODEIO dias assim, em que nem trabalhei nem me diverti - pus-me apenas a angustiar-me entre as duas opções, ou seja, a procrastinar. A roubar tempo ao meu futuro.

São os dias em que me sinto pior. São poucos, cada vez menos, graças a Deus, mas o ideal seria mesmo que acabassem de vez - não quero trabalhar e tenho prazo para isso? Nada de angústias, é fechar o computador e ir-me embora.

(E CLARO, ÓBVIO, procrastinação é fome de qualquer coisa - nem que seja de uma tomada de decisão - mas o meu cérebro interpreta como fome de comida, mesmo, e comi sem fome. Duplo ODEIO para o dia de hoje. Agora é perdoar-me e seguir). 

O mais chato é que sei perfeitamente como começam estes dias, e começam assim: hoje vou trabalhar em casa. 

Happy Hour

No Verão, quando o Hugo vem do trabalho, encontramo-nos no infantário do iéu e vamos dar um mergulho ou ao parque. Criamos ali uma bolsa de uma horinha de prazer antes de entrar no vórtice de jantares, limpezas leves, Pandas e banhos.

Mas no inverno sempre foi um problema... às vezes íamos à biblioteca, mas caramba, eu já passo o dia todo lá e o que é que demais chateia. Ou ao centro comercial aqui ao pé para o puto andar montado nos cavalinhos e barcos das moedas. Mas nada era bom.

Até que há dois dias fomos a um café muito simpático aqui ao pé. Decoração acolhedora e amalucada, meio feminista meio retro, um armário com brinquedos e livros infantis e o melhor, muita gente que também curte a tal bolsa de prazer entre o trabalho e casa como nós, o que significa um ou dois meninos para o iéu brincar. 

Recomendo o Happy Hour frequente a todas as famílias. Ficamos logo com outro ânimo para enfrentar a rotina doméstica de fim do dia. Claro que não é a mesma pândega de beber umas jecas com os colegas de trabalho, mas quem não tem cão caça com putos. 

Sobre educação e sobre a vida


A trilogia Ismael e os livros que vieram a seguir é toda muito boa e provocativa, deliciosamente provocativa (palavra inglesada, mas que existe, já fui ver). Já cá disse várias vezes que Daniel Quinn abriu um caminho muito necessário na minha vida e, de certa forma, deu-me chaves para continuar a abrir outros. Fez e faz muito bem à minha família, e vou continuar a dizê-lo muitas vezes aqui: foi um presente para a minha mente e espírito que a best friend Sara me deu há seis ou sete anos.

"Meu Ismael" é o terceiro livro, e concentra-se principalmente na aprendizagem e sistema educativo. Li-o a suspirar, mas isto sou eu :)

A quem estiver interessado, estes livros estão disponíveis em PDF na Internet, é muito difícil encontrá-los à venda. São romances bastante acessíveis, não são tratados sociológicos nem nada que se pareça. 

No meio

É terrível quando não se acredita na escola (escola - sistema, nada que ver com público ou privado) e não se confia (nem se tem o que é necessário) no homeschooling.

Acho que o começo da vida académica do meu filho (que ainda está a alguns anos de distância) será o primeiro  verdadeiro sapo borbulhento e com picos que terei de engolir.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Serviço ao próximo - modo de emprego

Em tempos de fragilidade - dar o peixe.
Em tempos de força - ensinar a pescar.

A inversão é pura crueldade moralista travestida de sentido de dever.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Momento bom

Cagamos no jantar, metemos os fones e desatamos a ouvir tubis aos berros, como se a música brotasse de dentro do cérebro, todas as breguices norte-americanas instantâneas que adoramos mas que o marido-Radar reprova no autorádio.

Não há leite condensado no mundo que bata esta sensação.

domingo, 7 de outubro de 2012

Taylor Caldwell

Mamãe não era uma leitora - nem papai o é, não sei onde fui buscar o hábito, na verdade -, mas adorava Taylor Caldwell, que vocês provavelmente não conhecem. Acho que ninguém conhecia além da mamãe, a sua maior fã. Devorava livros com títulos como Médico de Homens e de Almas e comprazia-se em dar-me TODOS os pormenores do livro enquanto eu o lia, fim inclusive, se o entusiasmo para aí a levasse. Não era leitora, mas era uma boa contadora de histórias - fofocas também.

Poupada como era -pelo menos isso sei onde fui buscar - e não dispondo de uma rede de bibliotecas como há hoje em dia por cá, mamãe revirava sebos e feiras de livros velhos em busca de sagas familiares cheias de dinheiro e sangue. Era noveleira, a dona Melânia, e procurava o mesmo tipo de prazer nos livros - histórias ágeis, com descrições exatas e fragrantes, heroínas traídas por tudo e por todos. Para ela, ninguém as escrevia melhor do que o Taylor.

Sim, nós achávamos que era homem, os livros não traziam a foto da autora.

Este era o preferido. Li-o várias vezes e tenho trechos inteiros memorizados. Que idiota esta Ellen, Melissa!, dizia, enquanto ia virando as páginas com uma cara indignada de novela das oito. 

Crónicas do Encolhimento: wake up call (espero)

Apagaram o meu ticker por falta de atualizações!
Mais de 80 DIAS sem perder uma grama!!!!

Can not ser. Can not ser!

Volto para o ginásio amanhã.

sábado, 6 de outubro de 2012

Coríntios 13

Um dos mais famosos trechos do Novo Testamento, lindo e poético, reproduzido vezes sem conta em casamentos e batizados, canções bregas ou onde quer que precisem assim de uma coisa mais a puxar para o sentimento da Bíblia. E entende-se, a palavra "amor" segue escarrapachada pela carta afora e é fácil dar-lhe um tom romântico.

Mas há Bíblias em que o tal "amor" não é amor, é "caridade". Tudo igual, mas em vez de amor, é caridade.  Pffff, dizem os cantores bregas e noivos. Caridade não, caridade é so not romântico. A minha biblinha de bolso é das que tem caridade em vez de amor. Pfff.

Não sei em que língua as Cartas de São Paulo foram escritas, mas devia ser o mesmo termo para caridade e amor. E, aos 36 anos, caramba, queria que fosse a mesma palavra em português também. Amor é serviço ao próximo.
Amor é serviço ao próximo.
Amor é serviço ao próximo, claro que é.

Sem caridade, eu nada seria.

(Mas continuo a detestar o valor atual da palavra - o das velhotas, o dos pobres-e-ricos)

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Da biblioteca

Trouxe uma xaropada sem fim da Luanne Rice para me ajudar com o léxico e forma num trabalho.

E trouxe um livro com um título do caraças e enredo completamente macabro, totalmente my cup of tea, sobre embalsamentos e coisas assim.

Adivinhem lá qual deles me agarrou pelos testículos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Para um amigo querido

Adoraria poder escrever coisas bonitas sobre o paraíso, vida após a morte, sobre o nos reencontrarmos um dia noutra dimensão. Disseram-me muitas coisas assim e, se me confortaram num primeiro momento, de nada ou quase nada me serviram pelos meses adentro. Para gente que pertence a terra, como nós, adianta de muito pouco saber que há outro plano em que nos vamos encontrar. Queremos este plano, esta existência. Queremos o telemóvel, a gargalhada, a crítica sem pudor. Trocamos o momento real pela eternidade sem piscar o olho. Queremos o tempo anterior. Queremos o que nos pertence.

Perder a mãe é das experiências mais rouba-chão que vamos ter na nossa vida, seja em que idade for.
Para tudo. Tudo para. Na verdade, tudo muda, mas é como se tudo parasse. 

O que posso dizer é que melhora. Melhora, sim. E as recaídas de dor, aquela dor surda que não tem jeito, vão sendo cada vez menos frequentes e as memórias da doença se vão esbatendo. O amargo da injustiça da perda também. Tudo vai seguindo em frente, inexoravelmente. E um dia, aquilo passa a ser um divisor de águas, uma baliza para tudo que era antes e tudo que veio depois, mas sem ser uma coisa negativa - é simplesmente diferente e poderoso à sua maneira.

E aí, se tiveres a sorte que eu tive, começas a acreditar em anjos da guarda.